Por que subir montanhas?

Muitas pessoas me questionaram sobre o que me motivou a ir ao Monte Roraima. Qual a razão que faz uma mulher (sexo frágil) ir pra um lugar disposta a passar tanto perrengue? Por que não um resort? Por que não uma praia tranquila com as amigas? Por que não ir às compras? Então vamos lá! Vou tentar explicar um pouco, especificamente sobre essa última expedição.

Ouvi falar sobre o Monte Roraima pela primeira vez na Chapada Diamantina, nas conversas durante o trekking do Vale do Pati, até então, era uma montanha desconhecida por mim. Me interessei pelo fato de ser um trekking mais longo, mas, não sei muita atenção. Eis que um belo dia, a Carol me falou sobre o filme “UP – Altas Aventuras” numa conversa entre amigos e depois que assisti (e amei), contando sobre o filme para outro amigo, ele me disse que “O paraíso das cachoeiras” era o Parque Nacional de Cainaima, onde se localiza o Monte Roraima. Eis aqui, o início de tudo! Neste momento tudo fazia sentido e uma mágica vontade de conhecer aquele lugar tomou conta de mim!

E eu fui! meus pés flutuando, como se fossem carregados por balões, me levaram muito alto! Meus sonhos de criança, com o mesmo espírito alegre que eu tinha quando saía por aí com minha bicicletinha. Ali entendi a Ellie e sua vontade, toda maluquinha e aventureira, como eu subindo nas árvores. Marcando num diário o que viveu, uma promessa sem volta e cumprida.

É simples, junte suas moedinhas num potinho e, de repente, tudo se tornará real. Pouco a pouco, a cada passo, cada gota de suor que escorria no rosto, cada dor e ao mesmo tempo cada lindo sorriso. Vi vida em cada cor daquela montanha.

Às vezes você olha em volta e se questiona se aquele é o seu lugar. E eu digo que para saber é preciso ir, é preciso ir à montanha. “UP – Altas Aventuras” foi um filme que me fez chorar (porque eu sou bobona assim mesmo) e foi o “start” que eu precisava para escolher aquele lugar como meu lugar naquele momento.

Revi o filme hoje com outro olhar, vendo aquele solo igualzinho ao que andei, em pedras, com o peito explodindo de felicidade e pensando “eu estive ali”. Me trouxe outras lembranças bem reais também, como a chuva no acampamento, as resenhas noturnas com os companheiros de expedição, o cuidado que um tinha com o outro, as trocas de experiências. Andar com a mochila nas costas com a sensação de que ela era dez vezes mais pesada. Mas, sempre tendo a recompensa de chegar ao ponto esperado, ter um lugar lindo e único em minha frente, me fazendo enxergar o lado mágico do Paraíso das Cachoeiras, uma memória que ninguém irá tirar. Paisagens que talvez eu nunca mais veja novamente, um instante único.

Subir uma montanha é superação, é deixar seu conforto, sua família e seus costumes de lado para aprender que o bom da vida é simples. Encontrar novos amigos e fazer história, ver de perto a imensidão que é a natureza.

Você escolhe a montanha e, em troca, ela te devolve as melhores sensações. Te deixa em conexão com você mesmo, num momento de paz, de conquista, que te faz querer ir cada vez mais longe. Por fim, não tem explicação, nem eu sei traduzir. Você vai porque simplesmente tem que ir, pois a montanha está lá te esperando e você voltará pensando na próxima.